SUSSURROS SURDOS

Quando, ao almejarmos ser como águias flutuantes,
Descobrimos que as altivas asas carregam consigo,
em voos dissimulados, decadências inexoráveis
e ilusões traídas por nossas ufanias egocêntricas.


Quando convulsões silenciosas, que nos dilaceram
o âmago eivado em angústias sôfregas,
não se podem mais amenizar na veemência
de nossos sórdidos olhares postos às adjacências.

Quando todas as utopias concebidas em efluências encantadas,

outrora lançadas aos ares de efêmeras e protuberantes searas,
e todas as difamações inflamadas concebidas com palavras cegas
em perjúrios ébrios brotados de nossas trivialidades indizíveis
se convergem evidenciando úlceras mefíticas de nossos fulcros obscuros.

Quando todas as crenças propagadas por doutrinas apostoladas
e as próprias convicções pragmáticas em alguma redenção salvívica,
espalhadas em labirintos desconhecidos de nossos cernes adúlteros,
sucumbem com preces não ouvidas por deuses que concebemos.

Quando todos os abrigos já inaugurados para algum alívio qualquer
se desvanecem em nossa natural e irremediável imperfeição humana,
de onde profanamos essências e disseminamos esplendores espúrios.

Quando, enfim, de nossos caminhares estrépidos, tudo se revela
e se descobre que não há mais sonhos a acalentarem nossas descrenças,
Nem há mais lágrimas a serenizarem nossas metástases túrbidas,
É que nos deitamos embalsamados sobre nossos próprios túmulos mórbidos.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 20/07/2013
Reeditado em 21/07/2013
Código do texto: T4396791
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