A conta do tempo (quem paga?)

Quantos anos de vida na soma da morte,

quantas vezes azar para uma de sorte,

anos e anos, e anos, e anos,

só pra relembrar tantos enganos;

horas e horas, e horas passadas,

só pra saber a hora marcada;

hora do encontro ou do jantar,

de almoçar para se encontrar;

dias e meses para um grande ano,

sonhos e amores para um grande ódio;

noites de insônia e dias de sono,

só pra vender mais relógios;

mais lembranças no armário

presentes na memória,

datadas nas cartas

nas datas do calendário,

pra saber que o que passou

está fazendo aniversário,

mas que ficou passado pelos novos passos,

na areia da ampulheta,

nas pegadas do obituário;

e a passagem do tempo

continua contada;

e o tempo contado

continua a passar;

e continua passada

a conta do tempo;

Henrique Pitt
Enviado por Henrique Pitt em 15/07/2013
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