A conta do tempo (quem paga?)
Quantos anos de vida na soma da morte,
quantas vezes azar para uma de sorte,
anos e anos, e anos, e anos,
só pra relembrar tantos enganos;
horas e horas, e horas passadas,
só pra saber a hora marcada;
hora do encontro ou do jantar,
de almoçar para se encontrar;
dias e meses para um grande ano,
sonhos e amores para um grande ódio;
noites de insônia e dias de sono,
só pra vender mais relógios;
mais lembranças no armário
presentes na memória,
datadas nas cartas
nas datas do calendário,
pra saber que o que passou
está fazendo aniversário,
mas que ficou passado pelos novos passos,
na areia da ampulheta,
nas pegadas do obituário;
e a passagem do tempo
continua contada;
e o tempo contado
continua a passar;
e continua passada
a conta do tempo;