A JORNADA:

A JORNADA:

Era preciso seguir, ao longe a miragem desvanecia-se,

Sempre fora assim,

Um caminhar,

Uma busca incessante,

Um querer sempre a escapar dos sonhos,

Utopias criadas em noites insones,

Busca frenética por um amor tão distante,

Porque tão só,

As multidões estavam à volta,

Seu dia a dia era preenchido pela faina do trabalho,

Mas a noite! Há a noite,

Era sempre vazia,

A cama desarrumada,

Os restos da frugal refeição sobre a pia suja do pequeno Ap.,

A cortina cerrada a obstruir a claridade,

Dava um ar fantasmagórico ao diminuto local,

Seu mausoléu pensava,

Seu reduto único,

Onde se acompanhava de sua solidão,

Passavam-se dias, semanas; meses, anos,

Tudo era igual,

Mas diz o ditado popular,

Não a bem que sempre dure,

Nem mal que nunca se acabe.

Ele ia trôpego pela rua deserta,

Sentia-se alma penada a cumprir seu carma

O sol causticante queimava lhe o rosto enrugado pelos longos anos vividos,

Seus olhos marejados de lagrimas,

Fruto das saudades esquecidas, sim esquecidas,

Pois nem saudades conseguia lembrar,

Foi ai que avistou aquela figura difusa,

Ao longe, notou o cajado que carregava a equilibrar-lhe os passos,

Pareceram séculos o dirigir-se ao encontro da estranha visão,

Por fim aproximaram-se,

Seus olhos brilharam surpresos e curiosos,

Diante dele estava um senhor a principio familiar,

Feições fortes e ao mesmo tempo suaves,

E sem uma palavra sequer, apenas com um olhar de ternura,

Envolveu-o num abraço fraterno e seguiram juntos,

As crianças em alarido pararam e assustadas correram em socorro,

Daquele homem que agora jazia inerte,

Sob o sol inclemente, naquele pequeno jardim repleto de flores,

E foi assim o termino da sua longa jornada da sua,

Anônima existência.

Valmirolino.

valmirolino
Enviado por valmirolino em 12/07/2013
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