Tao
A criança
na caixa de fascínio
de papel espacial
conceituou uma nova dimensão
sem a indiferença do gelo
sem a penúria dos ossos
sem o anelo do deserto
onde mariposas colossais
tocam banjos e clarinetes
e criaturas azuis
cantarolam.
Mas num súbito abalroamento
cancerígeno, necrosado e maldito
a janela se fecha, se rompe, se fragmenta
em uma presente veracidade real
disforme, deformado e faccioso
na qual as mariposas não são aladas
é só aquele bolo de carne feio
que não pode voar
e criaturas azuis que apitam
para ela fugir dali
com sua caixa
e sua decadência
Outra criança, no mesmo mundo
sonhou que era rei
numa caixa de aço,
transformava as mariposas
e as criaturas
em sangue derramado
retalhava milhares e milhares de vezes
em seu subconsciente.