SUPERFÍCIES DEVASTADAS
 
Sinto que não pertenço a teu mundo constituído de nobrezas concitas.
Meu reino é sombrio, tola que naufraga em suas próprias imagens espalhadas.
Após me embebedar de teus misteriosos néctares, sempre retorno a minha morada,
Onde não há sequer sussurros conjuradores, e o silêncio é tão aterrador que te assombraria.

Na fertilidade de nossas tresloucuras, escondia-se uma fria e lenta libertação,
De angústias confinadas sob a superfície de nossas existências lendárias.
Das ilusões penhoradas, teu choro é um arrependimento tardio de teu plantio insóbrio,
E o vazio que me habita é um sepulcro amargo, construído com nossos indigentes sonhos promíscuos.

Houvesses notado que, há um tempo, desnudei-me a ti, sem o menor pudor,
Apagando-te, por breves momentos, da incômoda luz terrena a iluminar penhoras frágeis,
Em sublimes palavras que conduziam somente a delírios inexeqüíveis,
E a decadências petrificadas por eternas dúvidas, proferidas como verdades palavreadas.

Houvesses ouvido meus ecos sufocados por cóleras deflagradas em chuvas de fogo,
A assolar-te em submundos contra os quais te emergias vigorosamente,
Escudada por todas as magnificências superficiais sob o orbe infausto,
Terias, quiçá, suplantado a efemeridade de nosso entorpecimento onírico.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 03/07/2013
Reeditado em 15/07/2013
Código do texto: T4370524
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