O nada não me define.
O tudo ultrapassa o que de mim restou.
Sou, às vezes, até o que ainda não fui.
E isso não é dupla personalidade,
É pura autenticidade.
A vida me ensinou a bailar ao ritmo da música
A escutar o que interessa, a ouvir o que me eleva
A me fazer de boba, se isso faz bem a outrem
A dizer o que penso, a pensar o que não digo
mesmo correndo risco de ser mal interpretada
Sou educada, no verdadeiro sentido da palavra.
Levada da breca se me permito ser sapeca.
Sou dia e sou noite, às vezes clara brilhante,
Outras vezes obscura e reclusa.
Me refaço a cada passo,
Num mobilismo frequente.
Não serei hoje a mesma de ontem,
As experiências de hoje me modificaram;
parte de mim é desfeita para ser refeita.
O conhecimento que adquiri ontem
sofrerá mudanças amanhã, pois tudo passa,
tudo se transforma, numa sucessiva progressão.
Cada dia há um novo desafio, evolução
De forma que eu mesma me surpreendo
com as minhas novas atitudes e ação
Será que um dia saberei me definir?
Hoje sou o que sou, amanhã o que me reserva ser?
A humanidade é complexa, porque vive em constante mutação.
Somos o resultado de nossas experiências sensíveis, empíricas. Somos o reflexo condicionado de nossas atitudes irracionais em nossas relações cotidianas.
O que a vida tem me proporcionado? Sensatez, insanidade, equilíbrio, desarmonia... assimilamos e acomodamos conhecimentos.
Pra que se envaidecer com a sabedoria adquirida, se esta um dia termina?
Vão se os sábios e os medíocres,
depois de mortos
não seremos diferentes uns dos outros,
todos, indubitavelmente, viraremos pó.
Quero ser hoje um pouco melhor;
Esta é minha norma cotidiana de levar a vida,
até que a morte se apresente sorrateiramente disfarçada de amiga.
Penso e porque penso existo. (Descartes)
E a minha existência deve fazer a diferença, à medida que me proponho ser, cada dia, um pouco mais humana.