PERSONAGEM SUSPENSO, BREVÍSSIMO
A fotografia comeu minhas palavras, comeu
cada palavra minha, e nada revela.
A noite escura velo sombrio.
Eu os vejo, andam por aqui no buraco denso da parede lisa. Do outro lado
do outro lado. Na fechadura coube.
Entre os dedos, tapo os olhos - uma fresta.
Esse outro que passo resta na rua, logo é mais nada.
Faminta, a fotografia comeu minhas palavras.
Cada uma, sem revelar nada.
Suspenso, no tempo do retrato
acena retirado na gravidade da sua órbita, brevíssimo.