Foi num inverno deste, de dois mil e treze.
Num dia treze.
Eu tinha nas mãos pedras e raiva,
O bruto da hora, atravancava-me,
Pensamentos e argumentos;
Tinha o mote, tinha o desejo.
Tinha a certeza;
Arremessarei, contra o primeiro que diga não a liberdade!
Do alto,
Vinha o petardo em bombas, no alto esta o céu
Que ainda que esfumaçado por gases e sonhos
É o mesmo céu azul de sempre!
Azul celeste, assim como o céu do gosto de Rose:
Minha flor, minha mãe, minha primavera, meu primeiro amor.
“Doce é viver no mar, doce é lembrar do amor”
Deitei de retorno as pedras no solo,
Uma a uma, feito o rio que esculpe sem talhar
Dei me conta que é inverno,
E é somente na primavera que florescem as roses
O encanto voltou ao meu passo
larguei de mão a poesia do concreto e do absoluto, ensimesmei
Retomei meu encanto pelas flores, pelos seixos que nunca dormem
Ainda hoje, eu lembrarei de um outro dia de inverno
E dos frangalhos das teias de aranha, que eu menino desmoldava
Voltarei a um antigo país em que eu vivi; pais do saci pererê
E do neguinho do pastoreio, dos meninos de farda e dos meninos ideólogos
Se eu me lembrar doutra coisa, que seja; que já vi um país inteiro
Florido de primaveras em pleno inverno.
Imagem: Olimpio de Roseh