"Incoerência"
Chega de ilusão
quero o fruto do pecado
o tatear do improvável
e o limite do impossível
Chega de cara feia
horroroso é o belo que não vejo
vejo e peço para que seja
o que antes não pude admirar
Chega de tormentas
quero a fatia mais cinzenta
o tanto que não tive que provar
o amargo sangrando entre veias
derramando-se neste prato
vago sem falar...
Chega de silêncio
incompreendendo o mal que tive
o calar do calo doendo dentro
o vasto bravio mar
por onde tu partistes...
Afinal não sou âncora
onda ou úmida neste olhar
sou seca, figueira em fruto
buscando o meu reduto
prostituindo esse amar...
Dos anjos
nada sou, querendo canto
harpas que não vejo
teu recanto
sou pura em veneno sem antídoto
versando sem parar...
Apenas o tanto que não posso
agora em desabafo me transporto
na lira solfejada ...
... deixo estar!
Chega de tanta correção
Quero o falar insuportável
o cantar desafinado
o instrumento enferrujado
para nesta dança eu bailar!!!
- Kátia Golau Cariad -