"Incoerência"

Chega de ilusão

quero o fruto do pecado

o tatear do improvável

e o limite do impossível

Chega de cara feia

horroroso é o belo que não vejo

vejo e peço para que seja

o que antes não pude admirar

Chega de tormentas

quero a fatia mais cinzenta

o tanto que não tive que provar

o amargo sangrando entre veias

derramando-se neste prato

vago sem falar...

Chega de silêncio

incompreendendo o mal que tive

o calar do calo doendo dentro

o vasto bravio mar

por onde tu partistes...

Afinal não sou âncora

onda ou úmida neste olhar

sou seca, figueira em fruto

buscando o meu reduto

prostituindo esse amar...

Dos anjos

nada sou, querendo canto

harpas que não vejo

teu recanto

sou pura em veneno sem antídoto

versando sem parar...

Apenas o tanto que não posso

agora em desabafo me transporto

na lira solfejada ...

... deixo estar!

Chega de tanta correção

Quero o falar insuportável

o cantar desafinado

o instrumento enferrujado

para nesta dança eu bailar!!!

- Kátia Golau Cariad -

Kátia Golau Cariad
Enviado por Kátia Golau Cariad em 26/06/2013
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