Devoção poética
Ainda bem, Poesia, que tu existes!
Tu - somente tu - não me abandonas...
Companheira e testemunha dos momentos tristes,
Força que me completa em tudo
Nesta vida de tudo e de mudo -
Completamente...
E inevitavelmente eu te amo!
Pois tu amas todas as minhas ânsias e fraquezas;
Todas as minhas dores e tristezas;
Todas as minhas paixões;
Todas as minhas loucuras:
Tu amas todas as minhas formas!
Formas alegres de desilusões...
Se uma lágrima noturna me escapa,
Rapidamente - com tuas mãos serenas -
Enxugas meu rosto
E eu abraço, aos prantos,
O corpo infinito da mágica carnal
De todos os teus versos -
Em estado de completo transe,
Em que não há triteza e nem alegria:
Há somente romance
E louca poesia.
Eu te amo, Poesia!
Cada célula do meu corpo pertence a ti!
Eu quero adormecer eternamente
No regaço da chama imortal que sustentas!
Tua chama me conforta
E dissipa todo o frio da tristeza!
Eu amo o desenho versado
Que fazes da minha musa -
Cada vez mais distante musa, cada vez mais musa...
Tu só não retratas perfeitamente
O sorriso dela -
Visto que aquele sorriso
Por si só já é perfeito
E perfeição é algo indizível...
Tu, amiga de madrugadas,
É parte da minha alma.
Eu e tu somos um só indivisível.
Contigo, sou poeta...
Sem ti, sou apenas um rabisco falhado e falado
Na folha amassada e molhada que compõe
Os lençóis da existência.
Eu sou todo teu
E te amo completamente!
Contigo, todo espaço é relativo
E todo o tempo é inexistente!
Vamos, Poesia...
Pega o nosso violão
E vamos fazer vidas através da música -
Que é toda tua...
12/06/13