"Marcha"
Deixa-te que a vida lhe componha
sem o interesse vil
Deixa que a composição exponha
o cerne deste "eu" sem brio
Se vício fosse manto, aqueceria
as frias lágrimas dos desencantos
Eis que somos luz deixada a revelia
entre breus sem voz, solta, pelos cantos
Já que não se supõe o momento certo
acolho-te agora em mim quem sou
Para que neste tempo, sem demora
não seja eu espectro do que passou
Sou rastro do antes e pegadas no agora
um risco alucinante do que há de vir
Um amanhã sem pressa pelo mundo a fora
reformando as paredes até o fim...
- Kátia Golau Cariad -