Redoma

Redoma

Em meu sonho azul,

o céu era um vasto véu

Com as estrelas bordadas

entre vidrilhos e insetos

O enxame sussurrava a senha secreta

para voar e

ver toda a abóboda celeste.

Ver o todo apesar de ser apenas parte.

Todas as luzes ao redor eram

parte da enorme redoma

Complexa e emaranhada.

Difusa e confusa.

Em meus versos cianóticos

O oxigênio arfava por pulmões

Rogava por respiração compassada

Enquanto os pulmões exaustos

repousavam apenas.

Ao final do túnel.

A velocidade das cenas vividas era intensa

um corisco, um cometa

e a um exato milímetro após o abismo.

Ou seria o salto ao infinito?

Onde começava minha vida e aonde terminaria?

No plano do todo...

Tudo é conectado,

contínuo e correlacionado.

A poeira é cósmica

A guerra é o tsunami

E o meu universo envolto

De mil galáxias

Carregava todo o significado.

Texto, contexto e pretexto.

Criaturas vivas e mortas

numa sequência ilógica e assimétrica

Deixavam vestígios na prateleira

dourada do sol.

Ou pegadas de lua na noite negra.

A diferença entre a vida e morte

Reside na ruptura.

Reside no silêncio semântico.

Nas palavras que calam.

Reside no ninho de passarinho.

Com ovos quebrados

E uma raposa rondando.

A selva é redoma do céu.

O céu é redoma da magia.

O ego é redoma do inconsciente.

A mensagem dentro envelope.

A vida dentro da selva.

A magia dentro do mito.

O inconsciente contido em mil redomas.

E o todo solitário persiste a emendar

estórias ao acaso.

A costurar textos e personagens

fragmentados em órbita constante.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 03/06/2013
Código do texto: T4323371
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