Um deus de pó

Um deus de lata que prendeu

Uma ave de rapina

Virou diabo por gostar de ovelhas.

E todo mundo e até eu

Achou que era indecência;

E num piscar de olhos

Tudo o que era livre desaconteceu.

Na face do deus caboclo

De olhos estranhos e negros

Não tinha nada, nada de azul,

Nada de sangue, nada de nobre;

Tudo estava embotado

De lágrimas de inverno

Que rolavam da alma primaveril.

Agora o ser diabo nem parecia humano

Coisa que quase todo mundo é.

Gostam de ovelhas na tenra idade;

Mas vivem sob o crivo da maldade.

As ovelhinhas cantam de amor

E de terror de serem gostosas.

Não compreendem os intentos

Dos mutantes errantes

Eles se acotovelam aos milhões

Por um vitelo fresquinho,

Com a sua suculenta carne.

Mas o deus que foi castigado

Conhece de tudo a torto e a direito,

Com a ave de rapina no peito,

Tem toda certeza do instinto;

E sabe que ninguém dá jeito.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 30/05/2013
Reeditado em 31/05/2013
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