Um conto descontado

Um grito arrepiado e manco

Salta para dentro da boca cega

do espírito caduco e desumano.

A alma trôpega, cavalga a pelo nu

No dorso do cavalo de pau mandado.

Às vésperas de morrer de medo

O herói recusa a tarefa mais dileta,

Aquela que o lançaria na história;

O autor, narrador onisciente

Procura desesperadamente

Encontrar uma terceira pessoa.

As personagens se agonizam

Diante da iminente derrocada

Que seria descontarem o conto

Ainda no ninho, brotinho e frágil.

Nenhum provérbio chinês

Por mais absoluto e sério

Seria capaz de salvar aquela história.

O fio de ariadne era usado

Para costurar os descaminhos

Da antiga perdição babilônica.

Como uma tsunami, tudo se enredou

Para o labirinto do não acontecimento.

O papel, tábula rasa, jazia enfermo e febril

Enquanto as letras ardiam em chamas

E saltavam desorientadas em uma nova sintaxe;

Em um sentido contrário e multi facetado

Que sorria de tristeza e abandono

Por não ser nunca compreendido.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 29/05/2013
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