Chuva Incidental
Olho a chuva
Que cai pela vidraça
Da janela
Seus pingos são cacos
De vidros
Que cortam os telhados
E os negros asfaltos
E apaga a arandela
Os relâmpagos
Assustam as cortinas
E meu camaleão
Meus olhar
E meu coração há muito
Já se acostumou
Com as tempestades
As violetas do jardim
Apenas protegem
As sobrancelhas
Minha sombrinha silenciosa
Guarda algumas cicatrizes na sua pele
Escura
Alguns machucados no seu exoesqueleto
De metal
E a chuva continua caindo
Com seus pingos
De vidros
Sua canção incidental
E escorrendo para o esgoto
Ocidental.
Luiz Alfredo - poeta