A fera e a quimera
Um olhar de cego apavorado,
Um sorriso de louco jacaré,
Um andar de coxo atarefado,
Guizado de cobra cascavel.
E a vida do homem dessa era,
É a farsa de um bicho que já era
É a cobra que come outra fera,
É a raça maluca, é a quimera.
O sossego do colo da vovó,
O carinho de u'a mãe que não casou,
É o compasso do passo de um cavalo,
Que passeia no beco e já brecou.
É a vida do homem dessa era,
É a farsa de um bicho que já era,
É a cobra que come outra fera,
É a raça maluca, é a quimera.
E os olhos mais lindos são da fera
Pois a bela a quimera devorou
É um sonho medonho e do tamanho
De um tempo que a história não contou.
Coração dá no peito, é pedra mó,
Bate cego de medo de ser bom,
Não suporta esse fado sertanejo,
Nem o beijo senil desse baião.