A fera e a quimera

Um olhar de cego apavorado,

Um sorriso de louco jacaré,

Um andar de coxo atarefado,

Guizado de cobra cascavel.

E a vida do homem dessa era,

É a farsa de um bicho que já era

É a cobra que come outra fera,

É a raça maluca, é a quimera.

O sossego do colo da vovó,

O carinho de u'a mãe que não casou,

É o compasso do passo de um cavalo,

Que passeia no beco e já brecou.

É a vida do homem dessa era,

É a farsa de um bicho que já era,

É a cobra que come outra fera,

É a raça maluca, é a quimera.

E os olhos mais lindos são da fera

Pois a bela a quimera devorou

É um sonho medonho e do tamanho

De um tempo que a história não contou.

Coração dá no peito, é pedra mó,

Bate cego de medo de ser bom,

Não suporta esse fado sertanejo,

Nem o beijo senil desse baião.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 17/05/2013
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