Fase azul

É azul.

É profundamente azul.

Azul de doer a alma.

De pedir o tom vermelho encarnado.

Numa luxúria diabólica.

É azul,

riscado de branco,

riscado delicadamente de negro

Os ventos tingem de metileno

o horizonte tardio

Onde pousa o pôr do sol.

A estrela inquebrantável.

De fulgor e calor vitais.

A estrela de vida inteira

que incandescente

mantinha meu corpo tépido,

mornamente vivo.

Ou medianamente morto.

Arroubos, ímpetos e élans

Já não existiam mais...

A racionalidade tinha tomado enfim o corpo.

E abduzido a alma.

Cores, frestas e estações

coloriam com a proeza mecânica

das previsões meteorológicas

Chove hoje.

Chuva miúda.

Chuva acanhada.

Encharcada de azul e tons

indizíveis.

Meu corpo minusculamente azul

Me transformava em inseto.

Mas, meus pensamentos eram paquidermes

pesados e sensíveis...

E minha malícia,

era como um camundongo que fugia

da morte certa.

Nesse imenso azul insensato.

Minha alma jazia em tons pastéis.

Gemia perdida entre tantas propostas de luzes.

A flor do jardim lá fora estava desbotada

de outono

E aguardava em silêncio,

Um inverno úmido, arredio

e ainda cianótico.

Que sejam sagrados todos os azuis.

E, a mestiçagem de cores e gente.

Tudo é tão humano e tão colorido.

Que nos apresenta

a mestra diversidade.

Diverso, perverso e celeste.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 17/05/2013
Código do texto: T4295261
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