"Pelas varandas"
Entre as varandas
correm as folhas sopradas
os rostos embaçados
dessa noite ou madrugada...
Desse olhar despido em mãos apoiadas
desse chorar calado
mantido por entre as pétalas de um falar atado...
São minhas as tuas varandas
são meus os teus chorares
são todos nossos
os mesmos cálidos desejos
são todos os teus
meus, nossos instantes
vagando por entre as frestas de uma janela...
Vidraça úmida de um cansaço vagante
alucina olhos de uma só chama
enquanto as folhas permanecem voantes
voadas, caídas, sopradas pelas madrugadas...
Eis que pés esvoaçantes, deixados
neste abandono do ter
traça novo caminho junto ao fechar das noites...
Chama que acende em lamparina
ali logo adiante chama-me ... chama!
Ardente ilumina o meu passar
junto as folhas da varanda soantes
em meu olhar alucinado
por ter asas como estas
que iluminadas voam em meio ao vento
num bailado que vem de dentro
me impulsiona e me permite
ser esta única metade que deixa-se
permite-se ... falar!!!
- Kátia Golau Cariad -