"Pelas varandas"

Entre as varandas

correm as folhas sopradas

os rostos embaçados

dessa noite ou madrugada...

Desse olhar despido em mãos apoiadas

desse chorar calado

mantido por entre as pétalas de um falar atado...

São minhas as tuas varandas

são meus os teus chorares

são todos nossos

os mesmos cálidos desejos

são todos os teus

meus, nossos instantes

vagando por entre as frestas de uma janela...

Vidraça úmida de um cansaço vagante

alucina olhos de uma só chama

enquanto as folhas permanecem voantes

voadas, caídas, sopradas pelas madrugadas...

Eis que pés esvoaçantes, deixados

neste abandono do ter

traça novo caminho junto ao fechar das noites...

Chama que acende em lamparina

ali logo adiante chama-me ... chama!

Ardente ilumina o meu passar

junto as folhas da varanda soantes

em meu olhar alucinado

por ter asas como estas

que iluminadas voam em meio ao vento

num bailado que vem de dentro

me impulsiona e me permite

ser esta única metade que deixa-se

permite-se ... falar!!!

- Kátia Golau Cariad -

Kátia Golau Cariad
Enviado por Kátia Golau Cariad em 15/05/2013
Código do texto: T4291278
Classificação de conteúdo: seguro