Pentecostes

Pira e gira

a cabeça,

nesse império

maluquice.

Presidente esbraveja,

pensa agora ser o vice.

Nhá Georgina,

a caduca aconselha:

Não tire tanto a

sobrancelha

homem de Deus!

Homem de sobrancelha tirada

tem a sorte esvaziada.

A calvície põe peruca

e até a pomba-gira.

Gira tanto

enquanto gira,

pira tanto

enquanto diz:

- Eta coisa boa,

eta coisa fina,

sobre o marafo

despachado ali na esquina.

Mas é que a madrugada

me assaltou o sono

e o outono riu de mim.

Gira e pira

o intestino

sob o hino

do laxante,

faz um suco

exótico,

de teor líquido,

erótico.

Cante comigo o hino,

e se liga no refrão:

Vem que vem

e vem com tudo,

vem descendo

pelo tubo,

vai descendo

até o chão,

chão, chão!

Mas é dose pra leão

esse papo aí...

Faz o seguinte,

quarenta e nove

agora é vinte,

ouvinte de rádio

e torcedor de time.

É chato ouvir

a trombeta

quando o placar gira,

gente dançando catira

quando gira o placar.

Sai pra lá Valdemar

eu não quero seu carinho,

eu não quero te abraçar!

(pausa dramática)

Ou quero?

Afinal,

foi cinco a zero,

não foi?

Jandira,

traz a feijoada

e a costela de boi,

afinal,

foi cinco a zero

não foi?

Tá bom, tá bom...

Já falou, já falou.

E pare com a caipirinha,

a repetição é chata,

não vem pendurar na minha.

Vem Jandira,

vem-se logo,

danou-se!

Valdemar tá de olho branco,

tá de olho virado.

Ô filho de uma mãe,

que diacho, arre-égua.

Passa a régua

e fecha o bar!

O gaiato agora

deu de escalar

os postes!

Pira e gira

a cabeça em pleno

pentecostes.

Felix Ventura
Enviado por Felix Ventura em 12/05/2013
Código do texto: T4286821
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