"O muro"

É tanto desalento subindo o muro

tantos cartazes úmidos desfolhando-se

mensagem apagando-se da memória...

Quando ressurgida as entranhas em tijolos

abriu-se querendo ser vista ... viu-se sem demora...

Barro e concreto ... choram

pedintes por um olhar que abranda

um afagar que acalma

escorrem e emboloram, musgo acompanhante

rastro do abandono da palma, a mão abana

Mesmo diante do lodo indeciso

querendo estar aos pés de quem anda

escorregadio mas, vigilante

gritam os buracos, fendas no muro

cortes, dor, vazio sem rumo .. eco ali por detrás do muro

nada, absolutamente nada, acorda o mundo

Mas, neste momento de agora, nada mais importa

passa, mais um passante, observatório ... o muro!!!

Olhos que atestam o fechar do tempo e a solidão das mãos

o grito e os lamentos e o calar na multidão

Silêncio que é grito em meio ao alarido, pois apesar de mudo ...

sabe-se que em algum lugar vive ali o abandono do nós ...

concreto, tijolos, barro, buracos, ecos ...

... em gotas ... O muro!

- Kátia Golau Cariad -

Kátia Golau Cariad
Enviado por Kátia Golau Cariad em 01/05/2013
Código do texto: T4268719
Classificação de conteúdo: seguro