PINTANDO A CENA
Ysolda Cabral
Papel branco, bloco branco,
Caneta branca, sem tinta,
Inutilidade sobre a mesa.
Pensamento branco, sem azul.
Espaço ermo, vasto, castigado,
Sem pastos de norte a sul.
Saara... Aras...Oras... As horas...
Cavalos bravos, perdidos, raros,
Homens árabes, sem auras claras...
Mascaradas... Tantas caras!
Ponto negro... Terra em revista!
Horizonte é miragem...
Galopa, fala,cala... Sobrecarga!
O veneno é fatal. Cuidado!
Ninguém é imortal.
Perigo iminente...
Olha o veneno!
Olha o tempo, o vento, a direção...
Todo cuidado é pouco!
Belo rosto... Que rosto?
Aquele sem desgosto.
Fuja, corra não seja louca...
Veja a tela branca!
Branca iluminada...
Depressa, pega o mouse!
Abra portas, janelas!
Sorria solto, largo...
Componha uma canção
Em sol maior ...
E deixa que eu pinto a cena.