Lágrimas de sais
Quando choram as rosas cálidas
Orvalhadas sangram e se calam
Quando perfumes exalam, pelos ares
Espalham-se tristes gotas de lágrimas
Faz-se noite infinita pela madrugada
Nos céus tristonhos sem dias risonhos
Sem noites de sonhos nem enluarada
Com soluços ao vento olhando pro nada
Quando a brisa sopra o vapor do mar
E a onda vem na areia quebrar
Trazem coisas pra terra eu quero chorar
Então cai a chuva que sorve as lágrimas
Das madrugadas vazias e noites amargas
Faz-se sereia, deitada no leito
Da areia molhada pelas ondas salgadas
Que arrebatam as lágrimas
E viram cristais, voltam para o mar
Em mais um ritual de decantação
Soa uma canção... Se separa o sal
De mil fragmentos nasce um cristal
Olha para o céu e sente que é pó
Vinda das estrelas se imagina sol
Na pele tocada por raios dourados
Viaja nos astros dos sonhos perdidos
Ecoa no espaço um grito contrito
Sem entrelaço e sem abraços
Do aconchego no peito do amante querido
Do imenso vazio de não estar ao seu lado
Da falta que sente do seu bem amado
Das labaredas cinzentas e do fogo apagado
Nas trevas da noite os corvos sobrevoam seu corpo.