"Ventre divino"
Nada é tão lúcido em mim quanto o fato da cria(ação)
onde o ato não imita a vida, onde de vida se preenche
vivendo íntima e peculiarmente o instante da cria
ali germinada junto a "terrapoeta" que concebe o ser
como no ventre da mãe, recriando a si mesma
reinventando-se, célula a célula ... Letras?
Terra esta que em si vê nascer em minúsculas partículas
brota em broto todo o poema como num sopro
magia fecunda de todo o saber
linguagem inconcebível ao que dela não prova
ou o ventre não oferece a este instante ... concepção
És filho de uma terra sem nome, pois este não importa
nascem em vida para a vida tocar
pois a ela em almas vai ressoar como cria a re-criar
toda a vida e não "imitada", reinventada pela luz
dessas tantas almas que a ela souber tocar
não se aplaude uma cria, acolhe-se, acalanta, cuida ... ama!
Assim és cria minha bendita que não se macula
não se permite ser tocada pela profana ideia apenas do aplauso
insanidade da vaidade dessa terra que muitas vezes se engana
mas quando por ti tocada em teu colo santo
vivencia o sagrado e aprende a amar verdadeiramente
sua e tão sua cria ... amada, portanto, compartilhada
Compartilha-se à vida que veio traçar e a todas que veio tocar
mas que sejas tu madura em teus passos para que não sejas negligente
na delinquente ideia de apenas o si vivenciar
não queira negar de onde viestes e para onde vais ... o sagrado sempre!
Cerne de todo o ser e ventre do mundo que lhe conduz e lhe criou ...
somente serás poesia quando render-se ao ventre que lhe concebeu
Regaço do mais puro e sagrado ... Amor!
- Kátia Golau Cariad -