Ratos no Trilho

Acordei sem saber do que se tratava

essa vida

um miserê, uma falta de espaço

uma total falta de trilhos

Os navegantes vieram e me levaram

A uma viagem sem enredo e sem pontuação

Cada um na sua, o homem foi à lua.

Vítimas coparticipativas da destruição humana

Acordei num miserê, numa falta de querer

Estico os braços e seguros os fios

os fios de cabelo esticados onde os pombos

pousam engaiolados

Sai! Suga e me empurra de sopetão

Atravesso o portão da minha casa

É o cara do leite, o cara do fígado,

É a pamonha! É o cara do pão...

O cheiro da praia, marcas de bíquini

Garotas gostosas, saborosas, tiro casquinha

Lambo os seios das ondas e tomo um caldo.

Mergulho e empurro o refluxo

O refluxo no fluxo da maré

Maré de gente saltitante

Andorinhas flutuantes

Sorrindo para mim.

Num miserê acordei

mas bati com a cabeça na pedra

Para ver que com pedra se fere e se é curado

O despertador tocou, já estou acordado.

Não se mete em minha vida

Estou aloprado, conturbado e tarado.

Voltei minha vara para o norte

É de lá que vem a corrente, o sobe e desce da maré

Até a chegada dos vaga-lumes

Tudo que sei é que não sei

Dana-se.

(28/05/2007)

Marcelo I Catunda
Enviado por Marcelo I Catunda em 11/04/2013
Código do texto: T4235734
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