Ratos no Trilho
Acordei sem saber do que se tratava
essa vida
um miserê, uma falta de espaço
uma total falta de trilhos
Os navegantes vieram e me levaram
A uma viagem sem enredo e sem pontuação
Cada um na sua, o homem foi à lua.
Vítimas coparticipativas da destruição humana
Acordei num miserê, numa falta de querer
Estico os braços e seguros os fios
os fios de cabelo esticados onde os pombos
pousam engaiolados
Sai! Suga e me empurra de sopetão
Atravesso o portão da minha casa
É o cara do leite, o cara do fígado,
É a pamonha! É o cara do pão...
O cheiro da praia, marcas de bíquini
Garotas gostosas, saborosas, tiro casquinha
Lambo os seios das ondas e tomo um caldo.
Mergulho e empurro o refluxo
O refluxo no fluxo da maré
Maré de gente saltitante
Andorinhas flutuantes
Sorrindo para mim.
Num miserê acordei
mas bati com a cabeça na pedra
Para ver que com pedra se fere e se é curado
O despertador tocou, já estou acordado.
Não se mete em minha vida
Estou aloprado, conturbado e tarado.
Voltei minha vara para o norte
É de lá que vem a corrente, o sobe e desce da maré
Até a chegada dos vaga-lumes
Tudo que sei é que não sei
Dana-se.
(28/05/2007)