Espectros de Porto Alegre

Na junção de quatro águas

viu-se contornos pelas Brumas;

e sons de muitas mágoas,

Pelas linfas, erravam como espumas...

Luzes tal coriscos

emanavam do obscuro Lago.

Imberbes e priscos

Temeram este extraordinário afago...

O Breu mesclava-se no Palor;

Tudo era luz em amplexo co'a Noite...

Divagava o som senil do açoite...

A fragrância era análoga à dor[...]

A centelha de vária tonalidade

mostrou-se friamente soberana:

Eram almas doutra humanidade

que não decansavam no Nirvana...

Singravam em etérea embarcão

e tinham nas mãos o coração...

Ah, aterradora visão ''surreal''!

Ah, dúvidas!!! o que será Real?!

Gritavam os intangíveis navegantes:

'' Éramos majestosas vidas!!!

Tínhamos o ''Alegre'' dantes!!!

Temos, hoje, apenas inúteis Lidas[...] ''

'' Olha e pondera, ó Porto,

a gomorra em que esta absorta !!!

Vives co'o o alento Imoto!!!

Ó Porto, estas tu de feição morta... ''

'' És tu profícuo de letícias,

Ó belo porto de mil delícias. ''

Inda tens frugais esperanças,

ó Porto, canta e viva MUDANÇAS!!!

Mas, quando incisivos trovões,

luzes de poderes vastos,

surgiram entre ares castos,

dissiparam-se os avejões[...]

Voltou tudo tal qual estava,

e os Porto Tristenses choraram:

Nas lágrimas a memória fulgurava,

mas tudo em pouco obliteraram...

Desafinado
Enviado por Desafinado em 31/03/2013
Reeditado em 08/05/2013
Código do texto: T4216536
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