Anjo Caído

Atentai, ó míseros homens!

É chegado o momento de minha revelação

Carregada no cortante frio da eternidade

Ouvi os fortes ventos do norte!

Eles contam uma história proibida

Eles trazem ocultamente o desejo,

A tradução das palavras há muito esperadas.

Ah, eu tenho tanto a te mostrar,

Tenho tanto a te oferecer, ó tênue humanidade!

Para além dos limites da física, abro-te os portões

Aonde podes trilhar os caminhos da superação da carne

A fronteira da dor a exibir as deformidades de tuas pelejas

Desde a serpente no trono da Babilônia

Sob a volúpia da mais sórdida prostituta

Para sempre, para sempre! Sou o retorno ao teu início

Imortal reflexo em teu coração

O cálice de todos os brios,

Outrora derramado sobre meus exércitos

O mais excelso saber, hoje insuficiente

Para avaliar a beleza perdida

Ó terra infame!

Por que abraçaste minha queda?

Das boas-novas deste-me apenas infaustos corvos!

Cansado das mil faces que me cercam

Rasga-me o peito o excesso de inúteis sacrifícios

Morte reluzente no machado

Sangue da nascente de tuas mãos

Sangue que alimenta o fogo da danação

Mas em minha justiça,

Repousa o prêmio final de todas as ganâncias

Aceita, ó pútrido caráter, o mais puro ouro!

Pois para mim basta tua fraqueza de espírito

Isaque
Enviado por Isaque em 22/03/2007
Reeditado em 26/03/2007
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