PARANÓIA

Existe um nazista na minha escada,

E eu tenho certeza da sua intenção,

Posso ver sua sombra projetada na parede,

Imensa, sombria, hedionda ao extremo.

Pela fresta da porta eu o observo, atônito,

A negra suástica brilha no seu uniforme oliva,

Sinto o pavor invadir minha alma indefesa,

Esgueiro-me, trêmulo, para dentro do quarto escuro.

Eu ouço o ruído do seu fuzil nos ladrilhos,

Um som frio e cadenciado como a sua paciência calculista,

Ele me espera impassível, aguarda o meu peito,

Para enchê-lo de chumbo, extravasar sua perfídia.

E eu me sinto acuado, o coelho do próximo jantar,

Com os nervos à flor da pele e a aflição escorrendo pelo rosto,

Não tenho como reagir, me agarro à esperança de um milagre,

Ou ao aliviante despertar de um pesadelo noturno.

GESSIMAR GOMES
Enviado por GESSIMAR GOMES em 27/03/2013
Código do texto: T4211121
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