O Delicado Abismo do Poder
O inimigo avança
Ouvem-se os cascos de suas bestas
Sente-se o ar gelar
Não há como escapar, fugir ou se esconder.
Sai-se então dos esconderijos
[da névoa da manhã
Em punhos poderosos prendem-se as lâminas.
O medo te possui
O medo te condena
Encontrado você será em breve
Aniquilado você será em breve
Onde está teu Deus agora?
Creio que teu silêncio seja a resposta
Tuas orações de nada valem.
As carnes são dilaceradas
Machados e espadas atravessam
[exércitos e guerreiros
Ossos são esmagados.
O sangue jorra,
A dor brota dentro e fora da batalha.
O medo, a morte e a miséria consomem tudo
Veja o que resta...
[é aí que está teu Deus.
Vísceras consumadas pelos vermes
Ao passo que o remanescente queima,
A carne pútrida fede
Sente o cheiro?
Os vencedores partem,
A chuva lava e encharca os campos,
A névoa se acumula sobre os corpos.
De nada adianta derramar em vão o pranto
Quando o único caminho a seguir,
Para os famintos e desesperados que restaram,
É o abraço da mãe morte.