Chuva elétrica

Tempestade de raios

Clarão além das nuvens

Som que estreme

E troveja os vaticínios

da natureza

Tempestade de ventos

Voa pensamento, voa folha,

Voa alma mundo a dentro...

Voam pássaros, voam panos e tecidos

Nos varais e nas esquinas

Nos umbrais e nas arestas

Nas volúpias e agruras

Da vida casta e mundana.

Tempestade de raios

A eletricidade divina e devastadora

Sopra a eternidade sub-reptícia

de tudo...

O pó elementar da criação.

Está agora em toda parte.

Disperso e convexo no panorama

humano e errático.

Um raio racha ao meio o céu

E vocifera as verdades da morte,

dos valores transcendentes

do além mar,

do além quimera,

do aquém memória...

Coisas que fazemos

E que não lembramos...

Coisas que lembramos

E que não fazemos...

Há uma ausência absoluta

diante o raio.

Segmento vetorial poderoso

Que liga o céu e a terra

Por tortuosos caminhos de

redenção e grandeza

Tortuosos caminhos roubados

da natureza.

Matas devastadas...

Animais extintos...

Criaturas sem alma...

Corpos retintos pelo fogo,

Pela eletricidade percorrida e

diminuídos em sua humanidade.

Em sua aparência esmeradamente

frágil e constantemente

pueril.

O raio mostra ao homem o éter

E, o homem mostra ao raio, seu medo.

Injusta troca.

Insana consciência de finitude.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 13/03/2013
Código do texto: T4186571
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