Cutucando o incerto
Estou aqui cutucando/ inquieto
pio e pavio à mão
chovendo no molhado
pingo
ateando fogo no incêndio
corpo em chama
atirando flechas em aviões de guerra
cético
de joelhos na igreja
estou morto e caminho pela estrada
sou nada e quero o infinito
restante/ último e primeiro
me desmancho
e remonto a trama
semente pelo deserto entre cactos espinho
tento
tanto
entretanto
a porta é de pedra
nuvens de granizo
não há riso na morte anunciada
esquinas de sangue e desespero
inocente
bala perdida na avenida
o perigo agora não mais vai pela viela
a tela é todo mundo
corro risco/ toco feridas/ risco fósforo/ cutuco gente grande
na noite etérea de sentimentos
não há vento
só/ lamento
ninguém se arrisca/ não há heróis
armados
“amados ou não”
antigas lições que não aprendemos
tudo é sorriso
e loteamento de grana
no planalto central do País
ri quem pode
que não nem mais se sacode
esse é o mote
brasil sem jeito/ rejeito/ não quero
por isso planto
pranto aos montes/ não silencio.