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Marchem, versos!


Marchem, versos,
Submissos
À vontade do poeta!
Sejam versos ascetas,
Restritos,
Aceitam a forma
Sem perder o sentido!

Marchem versos,
Encolham-se, estiquem-se,
Aceitem, tranquilos
Enxertos e amputações,
Fórmulas e métodos...
Sejam, à forceps,
Paridos!

Mas não percam a alma,
Não percam a calma
Que descansa na verdade
De um simples poema,
Por mais que seja simples!

Marchem, versos,
E batam continência
À incontinência
Das nossas bexigas
Que os acomodam
Em pequenos penicos
E em grandes vasos entupidos
E vazios de sentidos...

Marchem versos, 
Sobrevivam
Ao sopro desabrido
De quem os excreta
Em exercícios purgativos
E doridos!

A tua missão
É ver a beleza
Na feiúra da vida,
E não a feiúra
Na beleza que 'inda resta!

Marchem, versos soldados,
Soldados a um sentido
De quem os tira de um descanso
Bem mais que merecido
Para prendê-los, 
Impiedosamente,
Às sandices de suas mentes!


Marchem, versos,
E façam-nos,
Simplesmente,
Poetas!





 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 13/02/2013
Reeditado em 12/09/2013
Código do texto: T4137626
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