Madrugada
O meu átrio direito é permeado pela poesia romântica e a parnasiana,
Só demônios podem nos confundir assim,
Estendendo-nos fio a fio a tudo que nos encerra e nos começa.
Quem dera o coração tivesse asas ou pelo menos dois átrios esquerdos a mais,
Quem sabe não viveríamos flutuando,
Acima dessa urbanidade que nos consome e nos intriga?
A brisa matinal me inspira, não tanto quanto as madrugas, nem tanto quanto os demônios...
No ventre existe a gula de parir poemas, aberrações literárias que nascem aprazíveis,
Anunciando o que pulsa entre as pernas...
Até que o dia vire noite novamente.
Janaina Cruz