Penso, logo vivo.
Quando o ar pesa eu penso árvore
E tudo fica mais vento e chuva.
A vida pássaros e plumas,
Os olhos mais nuvens brancas,
O corpo bem mais arrepio
De prazeres e sonhos iluminados.
Quando a vida é solidão; penso você;
E tudo fica aconchego e carinho.
Se de repente a coisa pedra
Eu penso plumas pairando no ar;
Quando dou por mim sou pena.
Mas tem horas que a pluma pedra
Que o vento chove, a chuva pesa,
Que a coisa verde desarvorece
Que a nuvem venta escaldantemente;
A própria lua desenluara em desprazer;
E até você mesma vira pura rocha.
Aí não há sossego, eu penso espanto,
Penso grito e tudo dispara pro infinito
Em busca de um Deus que dê jeito.