Boca boa

Boca boa

A boca come solta feito fera;

Come o barro, o vento e a quimera.

Devora sonhos e sanhas;

Em tudo se assanha. Se arregenha.

É boca boa, não é à toa que é à toa,

Cheia de razão e de dentes;

Cospe, despe e inda caçoa.

Não respeita nem parentes.

Mas a boca não é má; é boca boa.

À boca da noite eu me rendo,

Me prendo ao estalo do açoite

Dos ventos que uivam sobre os fios;

Desafios de notas musicais,

Que se encantam nas horas vespertinas

Onde pousam as pombas e os pardais.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 08/02/2013
Reeditado em 09/02/2013
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