As pedras
O sonho por mim não foi sonhado
e a ausência dessa tão belo sonho
em minhas noites de sono, tem me
descontentado. Assim, humildemente,
peço a permissão para fazê-lo dele
um simples poema, sem cor e sem cheiro.
Todos ali festejavam algo, mas a menina
que era motivo de tanta alegria, aquilo
não compreendia. Sua parca confusão
cada vez tornava-se mais confusa e ela
esforçava-se para entender o que se
passava ali.
Pensou ter ouvido que faria uma cirurgia,
o que a levou a questionar "será que todos
estão a me odiar, porque isso não é motivo
para se celebrar!". Continuou andando por
entre aquela sorridente gente e avistou uma
moça, se estivesse correta, seu nome era Athena.
Perguntou-lhe o que fazia ali e qual era o motivo
daquela festa. A moça respondeu que o grande
dia havia chegado e que ela finalmente teria a
sua pedra retirada. Ao ouvir falar sobre a pedra,
a menina apenas se complicava mais e mais
e nada daquilo parecia fazer sentido.
Segundo Athena, todos possuíam dentro de si uma
pedra. Mas não era uma pedra qualquer, essa pedra
era formada ao longo da vida, com cada experiência
vivida, com cada alegria e a cada tristeza, ela era
aprimorada, dolorosamente lapidada. Infelizmente,
nem todas eram bonitas e delicadas.
Algumas pedras eram vendidas por seus donos, não
porque assim o desejavam, mas porque ela representava
o lucro que eles tanto necessitavam. E se seus pais não
a tivessem, seus filhos por conseguinte não a teriam e
tudo se transformaria em uma tristeza profunda. Outros
formavam pedras feias, imaturas.
Imaturas como os bebês; os bebês que seus donos eram
e que ao terem sua pedra retirada, perdiam todas as suas
chances. Era o fim de tudo. E era por todos esses pontos,
Athenas concluiu dizendo que todos ali comemoravam,
pois a menina teria sua bela pedra retirada, o momento
pelo qual ela e sua família tanto esperaram.
A menina acorda e repassa sem sonho, porque esse não
pode vagar sozinho pelos vales oníricos, esse tem
que ser sonhado enquanto se está com olhos abertos.
As pedras todos possuem e como a menina, nem todos
sabem de sua existência. Mas ela existirá, na luta de
tentar ultrapassar os vales onde não deseja ficar.
E assim termina, um simples poema, sem cor e sem cheiro,
mas com um eterno brilho refletido nos olhos de quem
possui dentro de si, a pedra mais preciosa.