Uma árvore

Eu aprendi a ver árvores

Pela vida.

Eu vejo uma árvore

Frondosa, linda e gigantesca.

Mas o vento passa,

Lá se vão mais folhas.

Esta árvore perde as folhas

Perde os frutos

Perde as coisas

Perde tudo

Tão serenamente

Ao vento que se passa.

A cada folha caída,

Um verso nasce

Para enxugar as minhas lágrimas.

A cada fruto perdido,

Um gesto de esperança

Toca o meu peito.

Às vezes, surge flor inefável

Nesta árvore e,

Quando se pensa que a primavera retorna,

Vem o vento!

E lá se vão mais folhas...

A cada flor,

Uma dor...

A cada flor, porém,

A dor de perder as folhas diminui...

E a árvore vai me afastando

Com seus galhos secos.

Ainda me esforço

A catar as folhas secas no chão...

Mas folhas secas são secas demais

E se quebram em minha mão...

A árvore perde as folhas

A árvore perde os frutos

A árvore perde as coisas

A árvore perde tudo

E talvez um dia ela me perca...

Um verso nunca será uma folha

Um verso nunca será um fruto...

Nada é como um verso -

Pois o verso já é nada

Na desilusão e dissolução de tudo.

Por isso, apenas olho as folhas secas

E espero um vento bem forte

Que dissolva todo este inverno

E que retumbe nos cabelos

Da primavera.

Toca vento

Passam chuvas

Na cidade

De razão.

Vem o vento

Vejo as uvas

Felicidade

Coração.

24/01/2013

Innocencio do Nascimento e Silva Neto
Enviado por Innocencio do Nascimento e Silva Neto em 24/01/2013
Código do texto: T4103086
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