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CISMA

Ficava cismando
Se a outra chorava,
Se a outra sorria.

A outra passava.
Não via.

Cabelos ao vento,
Sorriso no rosto,
Um gesto da mão,
Um charme, um encanto

E ela cismando...

Um vestido novo,
Lágrima que cai,
Vitrine do tempo,
Uma fotografia.

E ela cismando.
A outra, não via.

Uma nova letra,
Aceno de mão,
Uma poesia,
Ao final do dia,
No meio da vida.

E ela cismando,
Só observava
O que a outra fazia,
O que ela dizia...

E a outra passava,
Nem via.

Um olhar de encanto
Pela nuvenzinha,
Uma gargalhada,
Um mero elogio

E ela já achava
Que era de cio!
E tomava conta,
gastava em desvelos,
Os seus cotovelos.

E a outra passava,
E a outra não via.

Uma só palavra
Que a outra dizia,
E que ela escutava
E sem dó, torcia!...

Perdia-se em sílabas:
Gomos
Secos
Turvos...

Prendia entre os lábios
Soltava entre os dentes
Tantas orações
Por aquela pobre
Alma doente!

E ela nem via,
E ela passava,
E a barra da saia
A única coisa
Que ela arrastava.

Deixava os seus passos
Que a outra seguia
Marcados no chão
Por onde pisava;
E nem percebia
Que a outra cismava.





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Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 23/01/2013
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