Espectro de si mesmo
_Ah, estreita passagem!
(gritam os raios daquele sol)
Em paralaxe o riso seduz a ausência
alinham-se os passos...
contraem-se os ponteiros dos meus sonhos
elevam-se os descaminhos,
beijam-se as coordenadas da agonia
Mastigam-se os sons encrespados da noite fria
Os teus tegumentos visitam o meu espelho...
Num espasmo pontilhado o corpo esvazia
ruminam histórias entre os grãos de areia
que correm dos nossos pensamentos
Um cheiro de terra sonolenta acorda os meus pés
Disfarço-me, refaço-me...
E conduzo o abismo que me espera
nas acontecências de outro dia
Reverberado no grito da cômica nudez
lâmina espreguiçada na desesperança
Deleitados, singramos encantados...
aos mares sem promessa, enganamos o tempo
percorrendo o labirinto que vibra no céu das nossas bocas
Somos inteiros no nosso desassossego
metades nos nossos anseios...
fragmentos da nossa mágica inquietude!