Meu ser II

Sou uma escrava do pensar

de um epitáfio indecifrável.

Sou a melancolia dos túmulos senis

e a poesia da lápide esquecida,

sou a flor do defunto

que no corpo desfalecido repousa.

Sou a profecia do apocalipse

a chuva de sangue

e também o soar das cornetas.

Sou o acento sem letra

e o rio sem nascente

que deságua nos olhos que lacrimejam

as dores que nele velejam.

Sou as várias coisas ao mesmo tempo

e ao mesmo tempo sou o nada.

Sou o vale das incertezas

que rastejam os homens em pranto

Sou os sonhos, e os escombros

o pesadelo e o tormento

sou a peste sedenta

o canto solitário do agouro insano.

Sou o vinho vencido do aborto de um fruto,

a doença e a cura;

Sou espaço entre o certo e o errado

o sim e o não;

o segundo entre o prédio e o chão.

Entre a arma e a cabeça; a faca e o pulso.

Presas nas presas do silêncio avulso.

Exorcista
Enviado por Exorcista em 20/01/2013
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