Estranha Melodia
Foges,
E na tua fuga
Os monstros que tu temes,
Durante a noite,
Tomam formas mais terríveis,
E tu nem percebes
O quanto eles
Crescem.
Na tua partitura,
Escreves
Estranhas melodias,
Sonatas de medos,
Valsas falsas,
Minuetos de segredos,
Noturnos
Sempre taciturnos.
A tua orquestra
Não presta!
Não animarás a festa,
Não convencerás a platéia...
E as tuas ideias
Presas nas teias dos sentidos
Agonizam em colcheias,
Morrem em bruscos sustenidos,
E bemóis sofridos.
Não há sol na tua clave!
E antes
Que tudo se acabe,
Examina a partitura,
E encara a sinfonia dura
Que tu mesma compuseste,
Não deixes para depois
Esse enfrentamento,
Pois tua pauta
É tua vida,
E tua música,
É teu sustento.
*