Versos Vitruvianos
Vós, dotado de maestra sapiência
De formas de tão clara simetria
Herege e grande é tua própria essência
Que oculta, grita e nega a perfeição.
Tu, tal deus rústico de sangue mortal
Quero ver-te exposto ao abstrato
Tirar-te de tuas sombras, abrir-te como
Um divino atado a cruz, exato.
Aberto teu peito e sangue no papel
Medida suas formas, tripas, órgãos
Teu pendulo oscilante envolto em véu
Puxando e repuxando, a essência e perfeição...
Deus meu, deus que amo, deus que fede
Seu corpo aberto exala repugnância
Hipnótico me prende, me enoja e rege
A fuçar em suas entranhas, de tua face a relevância.
Deus lupino e selvagem, nu esticado a cruz, esmiuçado.