Verbo Profanado

Escavo a mina do tempo...

Busco o precioso...

Sofro, choro...

Rendo-me ao milagroso...

Na poesia da lida me amparo...

Enfurnada no túnel,

escuro e frio,

já, em grande avanço,

visto-me da terra úmida...

Quanto mais prossigo,

mais me perco do sol...

Há muito não vejo um arrebol dourado...

O luar a assaltar-me pela janela...

Pesadelo me arrebata...

O belo encarcera...

Sou a face do irreal...

No meu bornal, só a pedra indesejada...

Sem o brilho da ideal...

Peso morto, desconsolo...

Grande dolo, pá de cal...

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 10/01/2013
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