Verbo Profanado
Escavo a mina do tempo...
Busco o precioso...
Sofro, choro...
Rendo-me ao milagroso...
Na poesia da lida me amparo...
Enfurnada no túnel,
escuro e frio,
já, em grande avanço,
visto-me da terra úmida...
Quanto mais prossigo,
mais me perco do sol...
Há muito não vejo um arrebol dourado...
O luar a assaltar-me pela janela...
Pesadelo me arrebata...
O belo encarcera...
Sou a face do irreal...
No meu bornal, só a pedra indesejada...
Sem o brilho da ideal...
Peso morto, desconsolo...
Grande dolo, pá de cal...