EU VI
Eu vi a natureza morrendo
Árvores tombando
No coração da Amazônia
Estradas de fogo se abrindo
Vi animais padecendo
Sob o poder da deusa plutônia
Eu vi o retrato da barbaridade
O sangue irrigando o chão
O germinar da divergência
Era a chacina da humanidade
Entre o homem e a paz, separação
O domínio da violência
Eu vi as marcas da agonia
Mortos em filas, deitados no chão
Com olhos abertos para o céu.
Armas de fogo aumentavam a porfia
Gritos rasgavam o ar, sem compaixão
O céu em chamas se fez véu.
E eu vi pela camada de ozônio
A terra sendo derretida
Ninguém antes se importou
O que reinava era o poder do Deus plutônio
E eu vi Deus no céu mostrando a terra prometida
Era o Juízo Final que ninguém acreditou.
Vi os sinais prenunciando nossa morte
A mim foi revelado tal presságio
Eu vi o fim do mundo nascer,
E um sino gemia de dor no campanário
Avisei e nada mais pude fazer.