O poeta corcunda

O poeta é o anjo decaído

que leva nas costas,

sob a capa,

um par de asas escondido.

- Olha! lá vai o corcunda!

Os homens gritam

e, pretensiosos,

zombam dele,

e nem desconfiam

que esse poeta aleijado

possa voar...

Não sou corcunda (ainda)

e nunca aprendi o encanto

alado

de poder voar.

(talvez um dia...)

E, no entanto,

eu e minha magra poesia,

somos

leves como flocos de neve,

porque sofremos de anorexia.

Acréscimo (em 04/02/2013)

Um amigo dileto alerta-me para um possível plágio. Trata-se de poema do imortal Mario Quintana, publicado em 1951 (!) 'in Espelho Mágico' que transcrevo abaixo:

"DAS CORCUNDAS

As costas de Polichinelo arrasas

Só porque fogem das comuns medidas?

Olha! Quem sabe não serão as asas

De um Anjo, sob as vestes escondidas..."

Entre 1951 e 2013 transcorreram sessenta e dois verões. Por essa bagatela de tempo o meu poeta corcunda foi antecipado pelo Polichinelo do saudoso Mário Quintana. Onde quer que esteja, Mário, rogo-lhe que me perdoe a 'insustentável leveza do plágio'...

luca barbabianca
Enviado por luca barbabianca em 03/01/2013
Reeditado em 04/02/2013
Código do texto: T4065117
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.