Alma ferida
Angústia surgiu com o vento da tarde,
Quase colorida com cores de lágrima, da face macia.
Nem o barulho das lembranças. Nem a fumaça na chaminé da saudade.
Muito menos as pedras ou pedregulhos da chuva na rua.
Mas uma verdadeira canção de aleluias no ar.
Brilho de mil raios!
Assim, como o anzol no rio busca o peixe que vai fugindo,
Perdia o jeito de esperar
Um, dois, três olhares pra ver sua face refletida na poça d’água.
Longe o riso, dos lábios. Uma flor na janela, tentação que foge do olhar.
O rosto fita através do farfalhar das folhas levadas no tempo
Crianças correm no vento, riscando de giz o tempo.
Ninguém enxerga o colorido além do arco-íris
Pé desnudo peleja no deserto acorrentado da alma
Se alguém afirmasse tal visão, o mundo giraria a seu favor
Na curvatura do vento, onde o olhar se esconde
A angústia voava com a permissão de outrora
Que também era o agora.
Embora não chegue a nenhum lugar
A angústia apenas dorme, sofrida
Nessa folha vazia
Onde tento expressar uma poesia
Assim alivia a minha alma ferida