Estranha Asa
Estranha asa de borboleta,
Desprendeu-se do corpo,
Caiu no vazio
De um longo sono...
Estranha asa, leve e nacarada,
Sob pálpebras fechadas
Sem destino, sem sonho...
Estranha asa, que não voa
Por aqui,
Voa além, algures,
Nos céus que não vi,
Estranha asa
Esqueceu-se do pouso,
E paira, dormente,
Num imenso léu
Insosso...
Estranha asa,
Caída num canto,
A espera de um vento
Que a erga de novo
E que a leve,
Num infinito despertar
Por dentro
De um infinito sono...
*