Descarte

Sou alguém que não existe

Apenas com letras pareço

Não tenho corpo ou endereço

Sou lugar sem paradeiro

Um amontoado de ilusão

Que se joga fora a cada ano

Um dono de nada, sem cão

Traço minhas retas

Procuro paralelas

Não temo a contramão

Sem rosto ou capa

Ainda me visto em sonata

Canção, som, ar

Onde fui parar?

Sem saber de nada me vesti de poesia

Gostei da fantasia

E agora sou passado

Bom pra descartar

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 29/12/2012
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