Sentença Final



Flores, flores que não tive,
Mas que reconheci os espinhos
Tocados na epiderme vulnerável.
E desarmado, ainda há que se ter perdão.
A cruz do mundo, os crucificados,
Benditos sejam, pois que malditos não são.
Mas o homem não se sacia na alma.
A alma perturba a vida humana.
Que fazer? Sei lá!
Quanto mais se busca,
Parece que menos se tem.
A consciência não traz paz,
Apenas torna o aflito juiz de si.
E julgar aumenta a razão,
Mas mata aos poucos o coração.
Bendita seja a morte,
Mas temível é a eternidade.
Eternos? Para quê?
Qual o sentido disto tudo?
E então vejo um sorriso distante,
Linhas que denunciam descaso.
Descaso de quem quer,
Mas não sabe como conseguir.
Farto de si, farto de todos.
Não é um estado de ódio,
O ódio é jovial, o descaso é senil.
Amar seria bom,
Mas a distância é grande demais.
Entre o engodo do discurso fácil
E da ação real,
Um abismo sem fim.

07/12/2012
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 25/12/2012
Reeditado em 26/12/2012
Código do texto: T4052812
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