Herói sem face

Herói sem face

Mesmo entre o horror da carne dilacerada,

Em meio a bombas e catástrofes,

Sigo de espada em riste como um anti-herói.

Fétidas catacumbas me rodeiam;

Vermes e venenos transcendem o ar;

Palavras são navalhas que tolhem minha alma.

Até silêncio é inimigo mortal, é pecado.

Não vejo nem um dia ou noite santa,

Nenhum feriado que me faça parar.

Os pés são ventos em redemoinhos

Que me lançam trôpego na lida atroz;

Só quando a poesia rompe o medo

É que parece ser vida plena de harmonia.

Mesmo assim a lança do destino algoz

Crava nas paredes do meu peito

E a dor retorna à revelia da sua vontade

E em detrimento da minha que falseia.

As vaidades teimam em queimar;

Todos os pecados dançam à baila do front;

Minha salvação vem lá dos montes,

Dos ventos uivantes e das colinas,

Dos lugares mais sombrios e recônditos

Onde os espíritos cantam, dançam e desafiam.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 25/12/2012
Código do texto: T4052479
Classificação de conteúdo: seguro