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LIMBO

Espera...
Sob as pálpebras,
O desconhecido sono,
Caminho misterioso
Por onde não posso ir,
Ainda,
Limbo,
Nada ou tudo?...

Lábios mudos,
Olhos cerrados,
Fechados
Ao absurdo
Da vida que os rodeia,
Carros, motores, risos,
Natal e ceias.

A pele esticada,
Noradrenalina,
Partes inchadas
De morte
Líquida e profusa,
Inércia,
Respiração controlada,
À força, inflada.

Quando será,
Quando virá,
A libertação
Dessa situação tão esdrúxula,
Cruel e obtusa?

Caminham no limbo
Aqueles a quem amo,
E sob os olhos fechados,
Talvez sonhem
Que estão vivos 
E que caminham entre nós.
Talvez , quem sabe,
Até escutem a nossa voz,
Chamando, clamando
Por um adeus
Ou um olá,
Um até breve,
Um até já.

E a qualquer momento,
Ela virá, 
O pássaro imenso
Há de pousar
Por sobre os lábios flácidos,
Por sobre os braços inchados,
Silenciando de vez
O zumbir da máquina
Que os contém.

Só então,
Eu seguirei,
Eles também.

Amém!

*


 

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 24/12/2012
Reeditado em 24/12/2012
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