LIMBO
Espera...
Sob as pálpebras,
O desconhecido sono,
Caminho misterioso
Por onde não posso ir,
Ainda,
Limbo,
Nada ou tudo?...
Lábios mudos,
Olhos cerrados,
Fechados
Ao absurdo
Da vida que os rodeia,
Carros, motores, risos,
Natal e ceias.
A pele esticada,
Noradrenalina,
Partes inchadas
De morte
Líquida e profusa,
Inércia,
Respiração controlada,
À força, inflada.
Quando será,
Quando virá,
A libertação
Dessa situação tão esdrúxula,
Cruel e obtusa?
Caminham no limbo
Aqueles a quem amo,
E sob os olhos fechados,
Talvez sonhem
Que estão vivos
E que caminham entre nós.
Talvez , quem sabe,
Até escutem a nossa voz,
Chamando, clamando
Por um adeus
Ou um olá,
Um até breve,
Um até já.
E a qualquer momento,
Ela virá,
O pássaro imenso
Há de pousar
Por sobre os lábios flácidos,
Por sobre os braços inchados,
Silenciando de vez
O zumbir da máquina
Que os contém.
Só então,
Eu seguirei,
Eles também.
Amém!
*